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  • Pedro Lobato Moura

Sonhos

SONHO

Um sonho: Numa sala de estar, sentados em roda, eu, minha irmã, o professor Pasquale Cipro Neto e uma garota jovem, bonita. Apanho um maço de cartas de tarô. "Vamos cada um tirar uma carta", digo. Escolho a minha, sem olhar qual é, e estendo a mão com as cartas para os outros sortearem as suas. A garota demora um pouco a escolher, ajoelha no chão, pensa, e por fim apanha não uma, mas três cartas.

Pasquale mostra a sua. "A Morte". Eu digo: "Parece que nosso amigo professor Pasquale está enfrentando um momento de grandes mudanças em sua vida".

Minha irmã mostra a sua, é “O Esqueleto”. Explico que ela indica a estrutura de nossas vidas e que pode ter o sentido de uma iniciação.

Minha vez. Minha carta mostra um gato preto e um coração. "Seu é o gato!", diz minha irmã. Dizendo isso um gato de fato aparece, sobe no sofá e chega o rosto perto do meu, ronrona. É preto e branco. Acaricio-o, sentindo-me feliz. Um outro gato, também preto e branco mas não igual ao primeiro, aparece e toca meu rosto com a pata, agarrando carinhosamente. "Está com ciúmes", diz minha irmã. Então ponho os dois gatos no colo, muito orgulhoso.

Agora a vez da jovem garota. Quando ela vai mostrar suas cartas, acordo.

Sonho anotado em 08 de setembro de 2007.

SONHO NA BIBLIOTECA

Lá estava eu na biblioteca pública, esquecido funcionário empoeirado, atrás de uma mesa, catalogando. Foi então que Caela Terra entrou, toda cigana, dizendo que vinha buscar os pertences de seu "antigo amor". Ela começou a arrastar todas as estantes, abrindo um espaço bem no meio da biblioteca. Ali, ela começou a cavar o chão, primeiro destruindo o mármore, com as mãos, então cavando a terra, cavando… fui ajudá-la. Cavamos até encontrar uma arca.

Dentro da arca, havia papéis, com desenhos e poemas. São meus desenhos e poemas! "Estes são do homem que amei", diz Caela, olhando pra mim sem me reconhecer. Eu sei que sou eu, mas ela fala como se fosse uma outra pessoa, alguém que morreu há muito tempo. Estou tão emocionado ali, vendo aqueles desenhos!

Adaptado de um sonho que anotei em 23 de agosto de 2005.

REFLEXÂO

Mestre Zhuang diz que o homem completo vive sem preocupações e dorme sem sonhos. Eu sinto o que ele quer dizer.

Eu sonho. Todo mundo sonha. Acordado, me lembro de meus sonhos. Muito intensamente eu vivo meus sonhos, e acordo muitas vezes me lembrando deles. Nem tudo; partes. Desde pequeno. Acho que minhas mais antigas recordações não são da minha vida acordado, e sim de sonhos, como se viéssemos de lá pra cá, aos poucos. como se tudo começasse lá.

Contrapomos “sonho” a “real”, mas no sonho, estamos presentes. Eu estava lá, um pouco diferente, capaz de coisas muito loucas, tipo voar, roubar, matar, ficar com as mais belas moças, mas era eu, e eu me lembro. Eu sofri, eu amei, eu vivi, “lá” como “aqui”.

Não sou um homem completo. Mas será que cultivar um diário de sonhos, querer lembrar dos seus sonhos, acreditar neles, é querer muito acordar?

SONHOS INFANTIS

i.

As casas da infância: o si mesmo. E de que é feito o si mesmo? De mãe, de árvore, cada folha se lembra de tudo, mas não sabe, o cheiro do leite, a opressão no coração de mamãe, seu choro. O amor é um dom chocante.

Em meus primeiros sonhos, o chão desaba: lembro até hoje a queda no vazio.

ii.

A casa dos avós: um si mesmo anterior. Sonho sempre com um cerco, a casa da vovó sitiada por vampiros, todo mundo no mundo virou vampiro, menos nós, nossa gens, nosso clã.

Nosso amor é como um cheiro forte - mas há tantos cantos escuros, há debaixo da escada, tantas frestas, tantas rachaduras por onde os vampiros podem entrar, e quando poderemos sair? E se eu sentir fome? E se um de nós se transformar?

Ouço um vidro se partir, agora meu tio, minha avó, tornaram-se vampiros, mortos-vivos, não há mais para onde correr.

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