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Ataliba

 

MEU QUINTAL

 

Eu venho de uma grande família antiga que sempre gostou de trabalhar nas áreas rurais. Era a única opção que tínhamos e aprendemos a gostar destes recursos. Trabalhei muitos anos na área rural. Meus pais sofreram muito na mão de fazendeiros, eu pude ver ainda menino o sofrimento deles, era mais ou menos assim:

 

Toda fazenda tinha o armazém que vendia as coisas de comer, a alimentação para os trabalhadores, para ser descontada no final do mês. Quando chegava o final do mês, o trabalhador ia fazer o acerto para abater a dívida do que tinha comprado no armazém. O saldo dele não dava para pagar e ficava um restante para pagar no outro mês, aí fazia a compra mais pequena para ver se saía daquela dívida no final do mês. Todas as pessoas eram escravizadas pelos fazendeiros naquelas épocas e até hoje em alguns lugares do sertão. Eu ainda criança via todo o sofrimento dos meus pais. Eu não me conformava com aquilo e pensava, quando eu crescer, vou transformar a história dos meus pais. Assim que eu fizer dezoito anos vou trabalhar na cidade e vou ganhar dinheiro para comprar um terreno para ajudar meus pais. E assim que fiz os dezoito anos, na primeira oportunidade fui para a cidade de São Paulo. Mas nada do que planejava deu certo, não consegui nada, aí fui embora de volta para o norte de Minas. Depois decidi vir para Belo Horizonte. Aqui em Belo Horizonte consegui trabalhar e comprar um terreninho com uma casinha e neste terreno fiz uma plantação com várias plantas, muitos pés de manga, abacate, laranja, goiabeira, limão, acerola, pitanga, cacau, coco, lichia, café, jabuticaba, canela, um plantio de bananas. Lá tem uma mina d’água que dá para molhar as plantas e este foi o maior orgulho dos meus pais. E hoje os meus filhos moram lá, e foi a minha maior conquista.

 

TREM DE FERRO

 

Antigamente as coisas tinham mais sentidos, mais valores aos nossos entendimentos e aos nossos olhos. Sentíamos mais prazeres quando planejávamos uma viagem, era tão divertido que servia de uma grande terapia na vida das pessoas. Era comum viajar de trem naquela época. O trem, um objeto de ferro, mas sentíamos muito amor e carinho por ele. Porque ele nos dava conforto, principalmente aquelas pessoas que moravam nas fazendas, nos sítios, chácaras, outros que tinham seus terreninhos. Quando queriam vender alguma coisa na cidade nos finais de semana, nas feirinhas que aconteciam nos mercados das cidades do interior, eles levavam no trem suas mercadorias, arroz, feijão, milho, farinhas, até animais de pequeno porte, como porcos, cabritos, ovelhas, galinhas. Era muito divertido dentro do trem, principalmente nas paradas. Era costume, em toda parada do trem, ficavam várias pessoas vendendo seus produtos, uns vendiam biscoitos, bolos, doces, frutas, etc. Estes momentos são inesquecíveis, momentos marcantes, principalmente para aquelas pessoas que vendiam seus produtos nas paradas do trem. Eles eram beneficiados, eles supriam suas necessidades, levavam o pão a suas mesas dessa forma. Quando o trem parou as viagens com passageiros, foi um desastre para muitos, estavam morrendo os sonhos daqueles povos que necessitavam daqueles recursos.

 

© 2014 Pedro Lobato Moura. Site criado no Wix.com

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