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  • Pedro Lobato Moura

Cigano, falas

FALAS

O QUE SE PEDE EM CADA LUGAR

O povo do Mato Grosso diz que Mineiro é “gigolô de vaca”.

Mineiro tem mania de queijo. Os indianos também. Mas mineiro toma café! Come carne de porco. Pão francês com linguiça - só mineiro come essas coisas.

As montanhas não eram boas para o gado, no tempo das minas. Daí o porco, dizem.

Um amigo, cafeeiro do Mato Grosso do Sul, tem 36000 pés de café - e nunca bebeu um gole dessa bebida! Acha graça, tomar café. Ele bebe é tererê, e come carneiro no buraco.

No Pará, é peixe com tacacá. Maniçoba – um cozido feito com folha de mandioca, é a feijoada do norte, a quem não conhece, olhando, parece bosta, mas os coronéis vêm de Brasília comer a maniçoba da Ilha de Marajó.

Costume... o que se pede, quando se chega em cada lugar? Tererê, no Mato Grosso do Sul. No do Norte, guaraná ralado.

FEIRA

Para vender, pano amarelo sobre a mesa. Para comprar, pano verde.

Para comprar sítio, casa de veraneio, negociar na segunda-feira (quando a festa acabou

e está tudo ali por arrumar). Para vender sítio, casa de veraneio, negociar no domingo

(com a churrasqueira acesa, as meninas de biquini na piscina, felicidade fotogênica).

METIER

Em seu metier de marchand, Cigano conhece uma senhora que entalha cabaças em Taquaraçu de Baixo. Bonita arte! Compra uma.

Vende, por um bom preço, a um casal de Suecos admirados. Arte genuína!

Volta a Taquaraçu, no mês seguinte: Já são seis famílias entalhando cabaças.

NÃO AO NÃO

Não suporto o não posso, não sei, não posso, não tenho. Tenho um irmão que me irrita: O único da família que foi ser funcionário, concursado, nalgum órgão público. Só fica sentado, pançudo. A gente convida, mano, vamos a uma pescaria? Não posso. Vamos ver tal coisa assim assim, vamos fazer planos? - e tudo que ouço é não sei, não posso, não quero. Não suporto quem não sai do lugar.

RAÇAS

"Português? Desonesto. Índio? Preguiçoso. Negro? Supersticioso." Cigano, Ladrão? "Eu, não!"

LÍNGUAS

Sabia, professor, que antes de português, o povo falava esta língua: Nhangatu? Que nos deu cuié, galfo, tauba...

OS ALEMÃO

Nesta região – Santa Luzia, Pinhões, Taquaraçu, Jabó – O povo sempre fez sabão de macaúba. Um dia veio uma Austríaca: Encantou-se com a palmeira, natural daqui. Pesquisou cinco coisas feitas com a macaúba: Azeite, sabonete, remédio, combustível, ração. Estivera sempre ali, a droga do sertão. Era santo de casa. Mas brasileiro ama é o crachá: A Austríaca fez firma, botou marca na macaúba. Vende a 50 reais o litro do azeite extra virgem. A vigarista vende o sabão de coco de macaúba enrolado numa folha de bananeira, que assim, ecológica, a embalagem sai de graça. 8 reais, cada quadradinho de sabão! O valor da coisa está na mente da pessoa.

PINDORAMA

Sabe quantos tipos de palmeiras há no Brasil? 2700 tipos de palmeiras! Buriti, licuri, macaúba, babaçu, pupunha, coco da Bahia, dendê, tucum, açaí, juçara, piaçava...

OLHO DE CORUJA

Eu tenho olho de coruja, que repara tudo.

SEMÂNTICA

Cigano se diz interessado na arte da “semântrica”. Não seria semântica? “Não sei, é isso? A Cabala ensina, a Semântrica...” Peço-lhe que explique melhor.

“Que nem Sancho Pança e Dom Quixote, sabe? O sentido oculto, o simbólico. Os nomes e as coisas. Já viu que o cachorro é conforme o dono?”

OS 4 NAIPES

A sociedade medieval era regida pelos quatro naipes do baralho, que representam os quatro elementos que constituem tudo na natureza: ouros são a nobreza, os donos da terra; copas são os padres, os donos da alma, o naipe da água; espadas são soldados e outros assalariados, o elemento ar; paus são o povão, os camponeses, que vivem para servir. Símbolo fogo.

Ciganos e Judeus ficavam fora do baralho: seriam os coringas?

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