F O T O S
I.
Queria fotografar a vitrine da casa de produtos de caça e pesca, lá na avenida Paraná, quase chegando no Mercado Central. Seriam, o foco da foto – em meio a canivetes suíços bússolas anzóis chaveiros isqueiros lanternas emblemas da PF bonés camuflados e tantos outros teréns – os apitos de caça. Feitos de madeira, cada um em seu peculiar formato, os apitos trazem etiquetas indicando qual passarinho imitam. É tradição cabocla. Tamanha intimidade com os passarinhos, tanta arte – apenas para traí-los. Ô Crueldade.
II.
Queria fotografar este adesivo colado no vidro de trás de um carro qualquer, não sei quem é o dono, apenas passo na rua, e me chama a atenção o desenho de alguns super-heróis, em seus coloridos uniformes tradicionais, a cueca sobre a calça collant. Eles estão – Super-Homem, Mulher Maravilha, Flash, Hulk, Homem de Ferro – respeitosamente sentados, exceto pelo Homem Aranha, que está de ponta-cabeça, dependurado na teia. Escutam atentamente a um barbudo branquelo de túnica bege, que fala, gesticula e sorri. Um balãozinho sai de sua boca, ele diz, “… e foi assim que salvei o mundo”. Acima, os dizeres: “Jesus, o maior dos heróis”.
Tudo é pop.
III.
Se eu tirasse sonografias, registrava um típico diálogo luziense de ponto de ônibus:
- Cê nasceu como? Não foi pelado?
- Foi.
- E agora, tá como?
- Uai… tô vestido.
- Então… tá no lucro!
IV.
![](https://static.wixstatic.com/media/03f87a_4c1a5f98efe24ae4aee6d30d098eedc9.jpg/v1/fill/w_980,h_1288,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/03f87a_4c1a5f98efe24ae4aee6d30d098eedc9.jpg)