Anchieta, baralho
“Segundo os antigos [sobre os mineiros], aqui eles chegavam, erguiam uma cruz, arranjavam uma negra, trabalhavam nas minas ou no comércio, divertiam-se nas festas religiosas e nas rodas de truco. Assim como a cruz, o truco veio para ficar.”
Japhet Dolabella, Santa Luzia nasceu do rio...
Ouros, Copas, Espadas ou Paus – qual teu naipe? Segundo São José de Anchieta, índio
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bom é do naipe de paus: ara, colhe, carrega, apoia. São almas salvas – são pontos ganhos com a Coroa. Índio mal é o que insiste, resiste, ri – Jurupari.
Índio bom, escolhe uma carta: Valete de espadas, a Guerra Santa; valete de copas, os Padre Nossos e as Ave Marias; valete de paus, vai plantar mandioca – não, ouros não. Sois lenha, sois flecha, sois rio. Eu quero é ouros, índio bom – ouros!
Fábula
Houve um tempo tupi em que a onça mandava em tudo: pintada, brava, bela. O jaguar verdadeiro. Até que veio d'além mar o Jabuti. Com língua de fogo, soltou desafio: Quem é que aguenta ficar num buraco, enterrado, três dias?
Jabuti foi lá e fez – discípulo de Jesus Cristo e de Santo Inácio de Loiola, jejuou o jesuíta. A onça foi tentar e, na manhã do terceiro dia, estava morta. Foi no tempo em que onça ainda parava para escutar conversa de jabuti.
Diálogos da civilização
– Cunhãbebe, tu não sabes escrever. Tamoios, para a civilização, lhes faltam passos. Hoje, o que tu dizes é brava fala. Mas, se não escreveres, passará.
– Olha como os padres se coçam, há serpentes debaixo de seus sacos, e drogas, não só em seus vinhos santos, mas em suas línguas, curare.
– Chegaram os Perós, como Alexandres, os febris. Como os brâmanes, oitenta mil, morreremos lutando e sorrindo. Chamamos a tudo isso de colheita.*
* conta a história que o exército de Alexandre o Grande, em trezentos e vinte e tantos antes de Cristo, invadindo a Índia, tomou de assalto uma cidade sagrada e massacrou oitenta mil brâmanes, que morriam sorrindo.