top of page

crônicas

Pedro Lobato Moura

Hora crítica

Ê, montanha, montanha onde brilhará a nave estelar, a esperada noite dos reunidos, a fazer contato imediato musical com os seres, os seres que nos explicam.

Ê, céu que cai, nessa hora crítica, quando todos os laços novelísticos se resolvem, se desfazem. Eu e meu primo estamos sentados sobre os canos que sustentam o mundo e compreendemos e abraçamos, emocionados, as luzes, como mapas acesos, dos postes, dos carros, das janelas, dos tiros, das cidades. Além, aquela loirinha nos espera. Já entendemos tudo, etês, podem sair.

Arion

Os golfinhos não me encontrarão aqui...

Em Corinto, eu me lembro, se achegava à beira mar para se cantar os ditirambos de Arion, o cantor mais popular daquele tempo.

Arion, que era de Lesbos, estando de viagem, pegou carona num navio de piratas Coríntios. Estes, sabendo que o carona se tratava de um homem distinto, decidiram roubá-lo e depois matá-lo, atirando-o ao mar.

Arion pediu para entoar uma saideira, à guisa de últimas palavras:

“Me deu motivo / eu respondi / eu já esperava / eu só me abri / bandeira branca / golpe de ar / até o tecido / se esgarçar”.

Terminada a performance, durante os aplausos entusiasmados da audiência, Arion atirou-se no mar. Os piratas o deram por morto e aplaudiram ainda mais.

Em alto mar, um casal de golfinhos resgatou Arion. Deixaram-no são e salvo numa praia Coríntia.

Arion dirigiu-se ao palácio e contou o caso todo a Periandro, o tirano de Corinto, que mandou sacrificar os piratas, fazer uma estátua de Arion na ágora e celebrar festas trienais em sua honra. Ó ele: Lira em punho, montado num golfinho.

O vinho faz a alma borbulhar, a gente dança a mesma dança do mar. Enfeitados de guirlandas, perfumados, ó Dafne, ó Stefanie, só o mar nos faz amar assim o chão, o teto, o fogo, o sofá...

Estou no alto da Cordilheira dos Andes, sentado numa pedra, vendo as nuvens roçando os picos. Se Arion pulasse daqui, um casal de condores o apanharia?

Nada, nirvana

Ó, nada, que me acalenta quando tudo é arbitrário, quando tudo é demais – ó, doce nada real, geleia de absolutamente nada.

Nheenglish

Foi pesquisado que aquele doce rosnado da fala em Lapinha da Serra, Minas Gerais, é – e também aqueles caboclos olhos azuis – herança de índios e de mineradores ingleses, que no século XIX procuraram diamantes naquela região.

Sô, they speak nheenglish, uai.

19 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Crônicas

Crônicas

Sonhos

© 2014 Pedro Lobato Moura. Site criado no Wix.com

  • Grey SoundCloud Ícone
  • w-facebook
  • YouTube - círculo cinza
bottom of page