top of page

Loucura

Pedro Lobato Moura

Sobre a Loucura.

Palavras de Pedro Lobato Moura. Ano 2016 da Era Comum.

“The prophetess of Delphi and the priestesses at Dodona are out of their minds when they perform that fine work of theirs for all of Greece, either for an individual person or for a whole city, but they accomplish little or nothing when they are in control of themselves.” Plato, Phaedro, 244b.

A loucura.

Elogios à parte, que voz tem ela, hoje? Diz-se o que se quer, a loucura passeia, soltinha, entre nós. É também indústria. Está, também, “incluída”.

Caíram os Barbacenas, mas não é que o hospício acabou, o hospício cresceu e murou tudo, não mais o vemos porque tudo internou.

A fraqueza humana ainda busca oráculos, mas não é como antes: Sabemos que não acreditamos mais, são apenas substâncias químicas. São apenas hábitos.

Os loucos.

Divinos, sobre-humanos, de amor possuídos, alados: Aplaudidos, consumidos - não invejados, por aquele que viu o avesso das coisas. Sãos, sabemos que morremos, sãos, plantamos e contribuímos com o trabalho cego evolutivo da vida natureza organismos. Não contemplamos esferas.

Ah, mas a música das esferas…

Tudo há de ser útil, mesmo os loucos e seu sofrer. Morrem para que creiamos. Quem vê o avesso, porém, sabe que um ceticismo vale mais que mil reais.

Observação.

O que dizer, se ao que ainda ontem chamávamos loucura hoje nos entregamos como se fosse o melhor a fazer?

Dados da internação.

O mundo se divide entre os que dão conta de pagar as despesas e os que não (da autointernação).

Um grau, uma função, proventos. Já está provado que a luz é para todos, quem não pega no pesado, termina pegando por ordens médicas.

Debaixo da capa, quem teria para trocar uma figurinha absurda?

Coleções.

Ela crê em Jesus mas coleciona elefantes. Secretamente regida por gêmeos, mercúrio, Ganesha. Sua filha, Oceânida, coleciona tartarugas marinhas. Justifica assim sua teimosia e lentidão. O mar e a selva são estes lugares femininos, loucos e pagãos.

Os meninos dos anos setenta e oitenta colecionavam eletroeletrônicos, eletroacústicos, automotores. Meu tio coleciona guitarras. Os meninos de hoje, digitais, biocibernéticos. Todos contamos com o mundo, que faça sua parte, fique em seu lugar. Dê a volta completa.

Livros.

Hoje levantei, parei diante da minha estante de 3000 livros, e rezei uma prece – agradecendo que estou bem perto de queimá-los todos.

Conselho de homem.

Que doa, que esfole -

e vai te matar -

ainda assim,

não troque o momento

por um texto.

7 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Microcontos

Crônicas

Crônicas

© 2014 Pedro Lobato Moura. Site criado no Wix.com

  • Grey SoundCloud Ícone
  • w-facebook
  • YouTube - círculo cinza
bottom of page