Oficina de poesia. Ideal para as vésperas do dia de finados.
Para maiores de doze anos.
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Começo contando o caso da menina, a flor e cemitério. Drummond contou-o, o famoso conto se chama flor, telefone, moça.
A moça, que mora no apartamento, gosta de passear no cemitério, admirar as lápides, as esculturas, meditar sobre a condição humana, as iniquidades, as incertezas. Um dia, sem mais, colhe uma margarida que nascera num túmulo simples, somente uma cruz de madeira e o local gramado.
Ela caminha um tempo com a flor nas mãos, depois joga fora, volta pra casa.
às seis, toca o telefone. Uma voz vinda de longe dizendo "Quede minha flor, devolve minha flor". A menina pensa que é trote. A voz insistente liga todo dia às seis.
"Quede minha flor, devolve minha flor"
Drummond usa "quede", marca mineira.
A menina se desespera, chama os pais, a polícia, ninguém resolve. Angustiada depois de alguns meses, o telefone tendo se tornado tortura para toda a família, a menina morre, de súbito mal.
Trágico. Por outro lado, a voz nunca mais ligou.
Parte 1: Bashô, via Leminski.
O primeiro poema é do japonês Matsuo Bashô, mestre do haikai, samurai monge zen vagabundo poeta. Tradução do Paulo Leminski, no seu lindo livro "Vida", biografia de Bashô. Gostaria que lessem a biografia toda, é instruída e inspirada.
O poema:
dia de finados do jeito que estão dedico as flores
Leminski acrescenta: "Na festa do Ulambamma, os japoneses homenageiam os mortos. Nesse dia, todos colhem flores para levar aos que já se foram. Bashô também: é um budista, articulado com os ritos da tribo. No haikai, porém, a subversão súbita: as flores que vê, Bashô as oferece aos defuntos, sem tirá-las do pé. Uma afirmação de vida: Um sim para a poesia".
Parte 2: Drummond.
O poema:
Congresso Internacional do Medo Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio, porque este não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte. Depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Parte 3: Nelson Cavaquinho.
Nelson Cavaquinho, sambista da Mangueira, contemporâneo de Cartola e Carlos Cachaça. Boêmio, trágico, satírico, espiritual - dionisíaco.
É melhor ver que descrever:
Do youtube, o documentário de Leon Hirszman:
E o "ensaio" da TV Cultura, de chorar:
O poema, "Eu e as Flores":
Quando eu passo Perto das flores Quase elas dizem assim: Vai que amanhã enfeitaremos o seu fim.
A nossa vida é tão curta Estamos nesse mundo de passagem Ó meu grande Deus, nosso criador A minha vida pertence ao senhor
A canção:
Mãos à obras.
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