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Mamilos
Meus mamilos ultrassensíveis captam de tal modo que viver é difícil. Eu raramente os tocava, procurava fingir que não existiam, mas meu coração se acelerava, medos emergiam, os sentidos ficavam turvos, o sangue, espesso. Eram eles, meus mamilos, captando. Sentindo o mundo, e as pessoas. Sem dúvida, as pessoas se destacam. O mundo é vasto, sim, belo, inteligente, gostoso. Todos os animais, as plantas, os númenes. Mas pessoas são um caso à parte. Nem sei se isso é bom.
Foi maravilhoso, quando eu a conheci. A primeira a tocar meus mamilos. Nós dois levantamos nossas blusas, e encostamos umbigo com umbigo, meus mamilos com seus seios pequeninos – e os queixos e os hálitos, frente a frente, dois num só. Foi um transe. A maior parte do tempo, da vida, tirando alguns desses grandes momentos, foi de esconder, sofrer calado, sonhar e sorver nessa bica incessante de culpas.
De noite eu sonhava, às vezes, que cordas de energia saiam dos meus mamilos e, enrolando-se nas coisas que nem rabo de mico, me permitiam tirar os pés do chão e meio que voar.