Sonhos.
Creio que minha memória mais antiga é de um sonho: chegamos de carro, estacionamos do outro lado da rua, defronte à casa da vó Dinah. A rua é de pedra, e quando saio do carro e piso no chão, as pedras começam a afundar, abrindo-se sob meus pés um abismo negro. Mergulho no nada. Tudo para.
Também tenho um sonho antigo com o tobogã que tinha no Parque Municipal. No sonho ele é altíssimo, a gente sobe e sobe as escadas, sinto medo da altura, mas subo. Subimos, em fila. Lá em cima é lindo, a claridade, dá uma vertigem... Estamos no céu, cristalino, e águas caem daqui de cima, e chegará logo minha vez de escorregar pelo tobogã.
Estes são sonhos de infância. Já esta semana, sonhei que quebrava um copo. Separo os cacos grandes, e quando vou catar a poeira e os vidrinhos menores, tudo vai parar dentro da minha boca. Minha boca está cheia de cacos de vidro, que estão perto de me perfurar, posso senti-los, não consigo nem mexer a língua para cuspir, estou entalado com cacos de vidro na boca, sem saber o que fazer. Acordo ainda sentindo vidro entre os dentes.
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